Procuradoria pede que Polícia Federal abra inquérito após denúncias.
Há suspeita de que integrantes do PR exigiriam R$ 300 mil de empresário.
O Ministério Público Federal em São Paulo (MPF) requisitou nesta quinta-feira (21) a abertura de inquérito na Polícia Federal para apurar denúncia de cobrança de propina por parte de integrantes do Partido da República (PR). Em carta escrita a um empresário considerado “amigo”, o vereador Agnaldo Timóteo (PR-SP) pergunta: “você se lembra que os oportunistas do meu partido te exigiram R$ 300 mil mensais?”. No fim da carta, o vereador ainda cita o deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP). Diz que se o empresário não o tivesse “peitado”, não teria perdido “a galinha com ovos de ouro”.
O empresário administrou, entre 2004 e 2010, a chamada Feira da Madrugada, que reúne milhares de ambulantes na região central da capital paulista. Ele é suspeito de receber dinheiro de forma ilegal dos comerciantes locais. Procurado pelo G1, Timóteo confirmou ser o autor da carta, escrita em papel timbrado da Câmara dos Deputados em 31 de março deste ano. “Ele (o empresário) estaria usando o terreno de maneira indevida, cobrando aluguéis de uma área que não era dele”, disse o vereador.
“Ele (o empresário) me disse que alguém do PR o havia procurado por um cidadão dizendo que era do meu partido e estava exigindo R$ 300 mil. Não tenho por que acreditar que ele pagava essa importância”, afirmou Timóteo, que ressaltou não saber quem seria o suposto representante do PR.
O G1 procurou integrantes do PR em Brasília e São Paulo, mas ninguém foi encontrado para comentar o caso. Costa Neto também não foi localizado.
Timóteo, que disse estar “constrangido” com o vazamento da carta que tinha sido direcionada a um “amigo”, procurou eximir Costa Neto de qualquer envolvimento no caso da suposta propina de R$ 300 mil por mês. “O Valdemar não tem nada a ver com esse processo.” Segundo o vereador, o deputado federal ficou “muito bravo” ao saber que o empresário estava usando o terreno de maneira indevida.
Por este motivo, disse não ter ajudado o então administrador da Feira da Madrugada a renovar sua licença. A feira fica em uma área de espólio da Rede Ferroviária Federal (RFFSA). Desde o ano passado, a Prefeitura de São Paulo assumiu a administração do local.
Apuração
O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) disse ter recebido as denúncias e as encaminhado ao Ministério Público Federal. De acordo com ele, Costa Neto tinha conhecimento do suposto esquema. “Entramos com a representação assim que recebemos a carta. Essa denúncia é muito contundente e foi avalizada por um integrante do próprio partido”, afirmou na noite desta quinta o político sobre a carta escrita por Timóteo.
O MPF se manifestou em uma rede social na internet sobre o caso, indicando na requisição à Polícia Federal a oitiva "com urgência" de Agnaldo Timóteo. Diz ainda que a carta do vereador “indica a prática, em tese, de crime contra a administração pública por membros do partido PR”.
O G1 não conseguiu falar com Valdemar da Costa Neto na noite desta quinta.
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