quinta-feira, 21 de julho de 2011

Ministério Público Federal em SP pede apuração sobre propina no PR


Procuradoria pede que Polícia Federal abra inquérito após denúncias.
Há suspeita de que integrantes do PR exigiriam R$ 300 mil de empresário.


O Ministério Público Federal em São Paulo (MPF) requisitou nesta quinta-feira (21) a abertura de inquérito na Polícia Federal para apurar denúncia de cobrança de propina por parte de integrantes do Partido da República (PR). Em carta escrita a um empresário considerado “amigo”, o vereador Agnaldo Timóteo (PR-SP) pergunta: “você se lembra que os oportunistas do meu partido te exigiram R$ 300 mil mensais?”. No fim da carta, o vereador ainda cita o deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP). Diz que se o empresário não o tivesse “peitado”, não teria perdido “a galinha com ovos de ouro”.
O empresário administrou, entre 2004 e 2010, a chamada Feira da Madrugada, que reúne milhares de ambulantes na região central da capital paulista. Ele é suspeito de receber dinheiro de forma ilegal dos comerciantes locais. Procurado pelo G1, Timóteo confirmou ser o autor da carta, escrita em papel timbrado da Câmara dos Deputados em 31 de março deste ano. “Ele (o empresário) estaria usando o terreno de maneira indevida, cobrando aluguéis de uma área que não era dele”, disse o vereador.
“Ele (o empresário) me disse que alguém do PR o havia procurado por um cidadão dizendo que era do meu partido e estava exigindo R$ 300 mil. Não tenho por que acreditar que ele pagava essa importância”, afirmou Timóteo, que ressaltou não saber quem seria o suposto representante do PR.
O G1 procurou integrantes do PR em Brasília e São Paulo, mas ninguém foi encontrado para comentar o caso. Costa Neto também não foi localizado.
Timóteo, que disse estar “constrangido” com o vazamento da carta que tinha sido direcionada a um “amigo”, procurou eximir Costa Neto de qualquer envolvimento no caso da suposta propina de R$ 300 mil por mês. “O Valdemar não tem nada a ver com esse processo.” Segundo o vereador, o deputado federal ficou “muito bravo” ao saber que o empresário estava usando o terreno de maneira indevida.
Por este motivo, disse não ter ajudado o então administrador da Feira da Madrugada a renovar sua licença. A feira fica em uma área de espólio da Rede Ferroviária Federal (RFFSA). Desde o ano passado, a Prefeitura de São Paulo assumiu a administração do local.
Apuração
O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) disse ter recebido as denúncias e as encaminhado ao Ministério Público Federal. De acordo com ele, Costa Neto tinha conhecimento do suposto esquema. “Entramos com a representação assim que recebemos a carta. Essa denúncia é muito contundente e foi avalizada por um integrante do próprio partido”, afirmou na noite desta quinta o político sobre a carta escrita por Timóteo.
O MPF se manifestou em uma rede social na internet sobre o caso, indicando na requisição à Polícia Federal a oitiva "com urgência" de Agnaldo Timóteo. Diz ainda que a carta do vereador “indica a prática, em tese, de crime contra a administração pública por membros do partido PR”.
O G1 não conseguiu falar com Valdemar da Costa Neto na noite desta quinta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário