qua, 29/06/11
por snogueira.sn |
categoria Dicas
1ª) EVENTUAL ou POSSÍVEL?
Ano após ano, alguns políticos exageram um pouco. Os pacotes econômicos e as contas caribenhas deixaram muita gente nervosa. E a nossa língua portuguesa acabou sendo atropelada.
Primeiro foi um ex-deputado que falou a respeito de uns “documentos eventualmente falsos”. Será que tais documentos “de vez em quando são verdadeiros”? É lógico que não. Ele queria dizer que os documentos eram “supostamente ou possivelmente” falsos.
EVENTUALMENTE não significa “possivelmente” ou “provavelmente”. Muita gente boa faz esta confusão:
EVENTUAL = esporádico, ocasional, o que acontece de vez em quando;
POSSÍVEL = o que pode ser ou acontecer.
“Um eventual problema” acontece de vez em quando;
“Um possível problema” é algo que pode tornar-se um problema.
Sensacional também foi o desempenho linguístico de um dos nossos ex-ministros. Primeiro ele garantiu: “Tivemos que repriorizar as prioridades estabelecidas.”
O jogo de palavras me fez lembrar um candidato a deputado federal por São Paulo que afirmava com toda a convicção do mundo: “Para resolver o problema do desemprego, é preciso que haja emprego”. Eu fico imaginando que curso superior ele deve ter feito para ter conseguido chegar a tão maravilhosa e surpreendente conclusão.
Parece aquele repórter que só fala o óbvio, quando o narrador lhe pede o detalhe do lance: “Se a bola fosse em direção do gol, e o goleiro não defendesse, era gol…” Cá entre nós, não deve ser fácil chegar a uma conclusão dessas!
Mas voltemos ao nosso ex-ministro. No fim da sua fala, ele nos dá uma conclusão tão tranquilizadora quanto original: “Nenhum projeto sofrerá solução de continuidade no próximo ano”. Eta chavãozinho desgraçado! Além de ser velho, ultrapassado e empolado, não diz nada. Na verdade diz, mas quem entende não acredita.
E por fim, a mais brilhante das declarações: “Não tenho conhecimento, por exemplo, de que haja cortes no programa de mortalidade infantil”.
Veja a que ponto chegamos. O Brasil já tem até programa de mortalidade infantil. Está tudo programado. E o que é pior: não sofrerá cortes. Que tal cortar a língua?
2ª) DEVEM SER e DEVE HAVER?
Leitor quer saber:
“Você escreveu o seguinte: ‘Ora, DEVEM SER coisas da globalização!’ A minha dúvida é a seguinte: o verbo auxiliar DEVEM não deveria acompanhar o principal SER? Ou seja, o parágrafo não deveria ficar assim: ‘Ora, DEVE SER coisas da globalização!’, com o verbo auxiliar (deve) seguindo o principal (ser), concordando em número? Será que o verbo auxiliar só acompanha o principal quando este for o verbo HAVER? ‘DEVE HAVER alunos espalhados pelo pátio da escola’. Este período está correto?”
Eu reproduzi boa parte da carta, para que todos possam perceber a confusão que o nosso leitor está fazendo.
Como diria o Arnaldo César Coelho, a regra é clara: “Numa locução
verbal, o verbo auxiliar é o responsável pela concordância:
Eu DEVO falar,
Tu DEVES falar,
Ele DEVE falar,
Nós DEVEMOS falar,
Vós DEVEIS falar,
Eles DEVEM falar.
Portanto, na frase “DEVEM SER coisas da globalização”, o plural está corretíssimo (=concorda com COISAS). Para ficar bem claro:
“DEVE SER coisa de…” - “DEVEM SER coisas de…”;
“Ele DEVE SER o campeão” - “Eles DEVEM SER os campeões”;
“DEVE SER uma hora da tarde” - “DEVEM SER treze horas”.
Numa locução verbal em que o verbo principal for impessoal
(HAVER no sentido de “existir”, por exemplo), o verbo auxiliar fica obrigatoriamente no SINGULAR (=porque não há sujeito):
“DEVE HAVER alunos espalhados pelo pátio da escola”;
“DEVE HAVER algumas dúvidas”.
3ª) O verbo CONVERGIR
Leitora quer saber como se conjuga o verbo CONVERGIR. Qual é a 1ª pessoa do singular do presente do indicativo?
Existem muitos verbos da 3ª conjugação (=terminados em –IR) cuja irregularidade é trocar a vogal “e” pela vogal “i” na 1ª pessoa do singular do presente do indicativo: aderir – eu adiro; ferir – eu firo; ingerir – eu ingiro; inserir – eu insiro; impelir – eu impilo; repetir – eu repito; competir – eu compito; despir – eu dispo; discernir – eu discirno; divergir – eu divirjo; divertir – eu divirto; refletir – eu reflito; seguir – eu sigo; sentir – eu sinto; mentir – eu minto; servir – eu sirvo; vestir – eu visto…
Portanto, para o verbo CONVERGIR, o certo é “eu CONVIRJO”.
Ano após ano, alguns políticos exageram um pouco. Os pacotes econômicos e as contas caribenhas deixaram muita gente nervosa. E a nossa língua portuguesa acabou sendo atropelada.
Primeiro foi um ex-deputado que falou a respeito de uns “documentos eventualmente falsos”. Será que tais documentos “de vez em quando são verdadeiros”? É lógico que não. Ele queria dizer que os documentos eram “supostamente ou possivelmente” falsos.
EVENTUALMENTE não significa “possivelmente” ou “provavelmente”. Muita gente boa faz esta confusão:
EVENTUAL = esporádico, ocasional, o que acontece de vez em quando;
POSSÍVEL = o que pode ser ou acontecer.
“Um eventual problema” acontece de vez em quando;
“Um possível problema” é algo que pode tornar-se um problema.
Sensacional também foi o desempenho linguístico de um dos nossos ex-ministros. Primeiro ele garantiu: “Tivemos que repriorizar as prioridades estabelecidas.”
O jogo de palavras me fez lembrar um candidato a deputado federal por São Paulo que afirmava com toda a convicção do mundo: “Para resolver o problema do desemprego, é preciso que haja emprego”. Eu fico imaginando que curso superior ele deve ter feito para ter conseguido chegar a tão maravilhosa e surpreendente conclusão.
Parece aquele repórter que só fala o óbvio, quando o narrador lhe pede o detalhe do lance: “Se a bola fosse em direção do gol, e o goleiro não defendesse, era gol…” Cá entre nós, não deve ser fácil chegar a uma conclusão dessas!
Mas voltemos ao nosso ex-ministro. No fim da sua fala, ele nos dá uma conclusão tão tranquilizadora quanto original: “Nenhum projeto sofrerá solução de continuidade no próximo ano”. Eta chavãozinho desgraçado! Além de ser velho, ultrapassado e empolado, não diz nada. Na verdade diz, mas quem entende não acredita.
E por fim, a mais brilhante das declarações: “Não tenho conhecimento, por exemplo, de que haja cortes no programa de mortalidade infantil”.
Veja a que ponto chegamos. O Brasil já tem até programa de mortalidade infantil. Está tudo programado. E o que é pior: não sofrerá cortes. Que tal cortar a língua?
2ª) DEVEM SER e DEVE HAVER?
Leitor quer saber:
“Você escreveu o seguinte: ‘Ora, DEVEM SER coisas da globalização!’ A minha dúvida é a seguinte: o verbo auxiliar DEVEM não deveria acompanhar o principal SER? Ou seja, o parágrafo não deveria ficar assim: ‘Ora, DEVE SER coisas da globalização!’, com o verbo auxiliar (deve) seguindo o principal (ser), concordando em número? Será que o verbo auxiliar só acompanha o principal quando este for o verbo HAVER? ‘DEVE HAVER alunos espalhados pelo pátio da escola’. Este período está correto?”
Eu reproduzi boa parte da carta, para que todos possam perceber a confusão que o nosso leitor está fazendo.
Como diria o Arnaldo César Coelho, a regra é clara: “Numa locução
verbal, o verbo auxiliar é o responsável pela concordância:
Eu DEVO falar,
Tu DEVES falar,
Ele DEVE falar,
Nós DEVEMOS falar,
Vós DEVEIS falar,
Eles DEVEM falar.
Portanto, na frase “DEVEM SER coisas da globalização”, o plural está corretíssimo (=concorda com COISAS). Para ficar bem claro:
“DEVE SER coisa de…” - “DEVEM SER coisas de…”;
“Ele DEVE SER o campeão” - “Eles DEVEM SER os campeões”;
“DEVE SER uma hora da tarde” - “DEVEM SER treze horas”.
Numa locução verbal em que o verbo principal for impessoal
(HAVER no sentido de “existir”, por exemplo), o verbo auxiliar fica obrigatoriamente no SINGULAR (=porque não há sujeito):
“DEVE HAVER alunos espalhados pelo pátio da escola”;
“DEVE HAVER algumas dúvidas”.
3ª) O verbo CONVERGIR
Leitora quer saber como se conjuga o verbo CONVERGIR. Qual é a 1ª pessoa do singular do presente do indicativo?
Existem muitos verbos da 3ª conjugação (=terminados em –IR) cuja irregularidade é trocar a vogal “e” pela vogal “i” na 1ª pessoa do singular do presente do indicativo: aderir – eu adiro; ferir – eu firo; ingerir – eu ingiro; inserir – eu insiro; impelir – eu impilo; repetir – eu repito; competir – eu compito; despir – eu dispo; discernir – eu discirno; divergir – eu divirjo; divertir – eu divirto; refletir – eu reflito; seguir – eu sigo; sentir – eu sinto; mentir – eu minto; servir – eu sirvo; vestir – eu visto…
Portanto, para o verbo CONVERGIR, o certo é “eu CONVIRJO”.
Dúvidas dos leitores
qua, 22/06/11
por snogueira.sn |
categoria Dicas
1ª) Estou a disposição ou à disposição?
O certo é: “Estou à disposição”.
Para provar que há crase (preposição “a” + artigo definido feminino “a”), basta substituir a palavra feminina (=disposição) por uma masculina (=dispor): “Estou ao dispor” (ao = à).
É interessante lembrar que o uso do acento indicativo da crase é facultativo antes dos pronomes possessivos femininos: “Estou à sua disposição ou a sua disposição” (= ao seu dispor ou a seu dispor).
2ª) PARALIZAR ou PARALISAR?
Leitor quer saber se está correta a frase “…com medo do escuro que cega pra trás, medo do clarão que cega pra frente. Paralizo.”
O medo era tanto que a cegueira foi inevitável. Deve ser por isso que muita gente “paraliza” com “z”.
Por maior que seja o medo, toda PARALISAÇÃO se escreve com “s”.
Se você quiser PARALISAR, tudo bem. Mas, pelo amor de Deus, PARALISE sempre com “s”.
3ª) PERGUNTADO ou QUESTIONADO?
1o) QUESTIONAR não é PERGUNTAR.
Se você quer saber alguma coisa, PERGUNTE. Quando nós QUESTIONAMOS alguma coisa, estamos “pondo em dúvida”. Nós podemos, por exemplo, “QUESTIONAR o valor de um projeto, uma prestação de contas, a contratação de um jogador de futebol…”
É interessante observar que a diferença só existe entre os verbos. Um conjunto de PERGUNTAS forma um QUESTIONÁRIO. É que ainda não inventamos o “perguntário”.
2o) Só a coisa pode ser PERGUNTADA.
Quem PERGUNTA PERGUNTA alguma coisa (=objeto direto) a alguém (=objeto indireto). Isso significa que, na voz passiva, só a coisa poderia ser perguntada.
Com muita frequência, encontramos nos nossos bons jornais frases do tipo: “PERGUNTADO a respeito do projeto, o deputado…” ou “O delegado foi PERGUNTADO a respeito do crime”. Aqui temos duas frases em que o uso do verbo PERGUNTAR, Segundo a tradição, é inapropriado: nem o deputado nem o delegado poderiam ser “perguntados”. A realidade linguistica, porém, nos prova o contrário. São formas consagradas, e eu as consider caitáveis na lingual padrão.
Em resumo:
1o) “A validade do contrato foi QUESTIONADA” (=posta em dúvida);
2o) “Foi PERGUNTADO ao deputado se ele seria o candidato a prefeito” (=a coisa foi PERGUNTADA ao deputado).
4ª) COMUNICADO ou INFORMADO?
Alguns leitores querem saber se é correto dizer: “A polícia já foi COMUNICADA…” ou “O presidente não foi COMUNICADO…”
O verbo COMUNICAR apresenta um problema igual ao do verbo PERGUNTAR: só a coisa deveria ser COMUNICADA.
É outro caso em que o uso consagrado vai contra a tradição. Na minha opinião, são formas perfeitamente aceitáveis, mas que, em concursos, são consideradas “erradas”.
Quem COMUNICA COMUNICA alguma coisa (=objeto direto) a alguém (=objeto indireto). Isso significa que “ninguém deveria ser comunicado”.
O mais adequado, portanto, é: “O crime FOI COMUNICADO à polícia” e “O incidente não FOI COMUNICADO ao presidente”.
Outra solução é substituir o verbo COMUNICAR pelo INFORMAR. Quem INFORMA INFORMA alguma coisa (=objeto direto) a alguém (=objeto indireto) ou INFORMA alguém (=objeto direto) de alguma coisa (=objeto indireto). Isso significa que temos duas opções:
“A polícia FOI INFORMADA do crime”;
“O presidente não FOI INFORMADO do incidente”.
5ª) INVEROSSÍMEL ou INVEROSSÍMIL?
O certo é INVEROSSÍMIL.
Para o leitor que desconhece o significado, INVEROSSÍMIL é o que NÃO tem VEROSSIMILHANÇA (=semelhança com a verdade): IN (=não) + VERO (=verdade) + SÍMIL (=similar, semelhante).
6ª) Leitor quer saber se a concordância está correta na frase:”O preço dos pacotes acima FORAM BASEADOS por pessoa com uma estada mínima de 7 noites.”
A crítica do nosso leitor é perfeita. A concordância está errada. O certo é: “O PREÇO dos pacotes FOI BASEADO…”
7ª) E a frase “E vamos também cancelar várias das permissões já concedidas para publicidade nas ruas DE MODO A QUE o trabalho de despoluir a cidade seja realmente eficaz” está correta?
Nem pensar. O certo é: DE MODO QUE.
O certo é: “Estou à disposição”.
Para provar que há crase (preposição “a” + artigo definido feminino “a”), basta substituir a palavra feminina (=disposição) por uma masculina (=dispor): “Estou ao dispor” (ao = à).
É interessante lembrar que o uso do acento indicativo da crase é facultativo antes dos pronomes possessivos femininos: “Estou à sua disposição ou a sua disposição” (= ao seu dispor ou a seu dispor).
2ª) PARALIZAR ou PARALISAR?
Leitor quer saber se está correta a frase “…com medo do escuro que cega pra trás, medo do clarão que cega pra frente. Paralizo.”
O medo era tanto que a cegueira foi inevitável. Deve ser por isso que muita gente “paraliza” com “z”.
Por maior que seja o medo, toda PARALISAÇÃO se escreve com “s”.
Se você quiser PARALISAR, tudo bem. Mas, pelo amor de Deus, PARALISE sempre com “s”.
3ª) PERGUNTADO ou QUESTIONADO?
1o) QUESTIONAR não é PERGUNTAR.
Se você quer saber alguma coisa, PERGUNTE. Quando nós QUESTIONAMOS alguma coisa, estamos “pondo em dúvida”. Nós podemos, por exemplo, “QUESTIONAR o valor de um projeto, uma prestação de contas, a contratação de um jogador de futebol…”
É interessante observar que a diferença só existe entre os verbos. Um conjunto de PERGUNTAS forma um QUESTIONÁRIO. É que ainda não inventamos o “perguntário”.
2o) Só a coisa pode ser PERGUNTADA.
Quem PERGUNTA PERGUNTA alguma coisa (=objeto direto) a alguém (=objeto indireto). Isso significa que, na voz passiva, só a coisa poderia ser perguntada.
Com muita frequência, encontramos nos nossos bons jornais frases do tipo: “PERGUNTADO a respeito do projeto, o deputado…” ou “O delegado foi PERGUNTADO a respeito do crime”. Aqui temos duas frases em que o uso do verbo PERGUNTAR, Segundo a tradição, é inapropriado: nem o deputado nem o delegado poderiam ser “perguntados”. A realidade linguistica, porém, nos prova o contrário. São formas consagradas, e eu as consider caitáveis na lingual padrão.
Em resumo:
1o) “A validade do contrato foi QUESTIONADA” (=posta em dúvida);
2o) “Foi PERGUNTADO ao deputado se ele seria o candidato a prefeito” (=a coisa foi PERGUNTADA ao deputado).
4ª) COMUNICADO ou INFORMADO?
Alguns leitores querem saber se é correto dizer: “A polícia já foi COMUNICADA…” ou “O presidente não foi COMUNICADO…”
O verbo COMUNICAR apresenta um problema igual ao do verbo PERGUNTAR: só a coisa deveria ser COMUNICADA.
É outro caso em que o uso consagrado vai contra a tradição. Na minha opinião, são formas perfeitamente aceitáveis, mas que, em concursos, são consideradas “erradas”.
Quem COMUNICA COMUNICA alguma coisa (=objeto direto) a alguém (=objeto indireto). Isso significa que “ninguém deveria ser comunicado”.
O mais adequado, portanto, é: “O crime FOI COMUNICADO à polícia” e “O incidente não FOI COMUNICADO ao presidente”.
Outra solução é substituir o verbo COMUNICAR pelo INFORMAR. Quem INFORMA INFORMA alguma coisa (=objeto direto) a alguém (=objeto indireto) ou INFORMA alguém (=objeto direto) de alguma coisa (=objeto indireto). Isso significa que temos duas opções:
“A polícia FOI INFORMADA do crime”;
“O presidente não FOI INFORMADO do incidente”.
5ª) INVEROSSÍMEL ou INVEROSSÍMIL?
O certo é INVEROSSÍMIL.
Para o leitor que desconhece o significado, INVEROSSÍMIL é o que NÃO tem VEROSSIMILHANÇA (=semelhança com a verdade): IN (=não) + VERO (=verdade) + SÍMIL (=similar, semelhante).
6ª) Leitor quer saber se a concordância está correta na frase:”O preço dos pacotes acima FORAM BASEADOS por pessoa com uma estada mínima de 7 noites.”
A crítica do nosso leitor é perfeita. A concordância está errada. O certo é: “O PREÇO dos pacotes FOI BASEADO…”
7ª) E a frase “E vamos também cancelar várias das permissões já concedidas para publicidade nas ruas DE MODO A QUE o trabalho de despoluir a cidade seja realmente eficaz” está correta?
Nem pensar. O certo é: DE MODO QUE.
Dúvidas dos leitores
qua, 15/06/11
por snogueira.sn |
categoria Dicas
1ª) Venda MONSTRA ou Venda MONSTRO?
Leitor questiona propaganda que fala em “VENDA MONSTRO”.
Nosso leitor não tem razão.
A frase não está errada. MONSTRO é um substantivo no papel de adjetivo. Quando isso acontece, a palavra torna-se invariável (=não tem feminino nem plural): “venda MONSTRO” e “engarrafamentos MONSTRO”.
O mesmo ocorre com o substantivo LARANJA (=fruta). Quando exerce a função de adjetivo (LARANJA = cor), torna-se invariável: “Casaco LARANJA”. “Camisas LARANJA”. Não devemos usar “camisas laranjas”, e ninguém diria “casaco laranjo”.
Não devemos confundir MONSTRO (=substantivo) com MONSTRUOSO (=adjetivo). Isso significa que o adjetivo deve concordar em gênero e número com o substantivo a que se refere: “venda MONSTRUOSA”, “engarrafamentos MONSTRUOSOS”.
Também não devemos confundir LARANJA (substantivo exercendo a função de adjetivo = nome de fruta como cor) com AMARELO, que é cor mesmo (=adjetivo):
“Casaco LARANJA, mas casaco AMARELO”;
“Camisas LARANJA, mas camisas AMARELAS”.
Que fique bem claro:
Os adjetivos apresentam flexão de gênero e número;
Os substantivos, exercendo a função de adjetivo, ficam invariáveis.
2a) Até as 10h ou Até às 10h?
Para muitos autores, neste caso o uso do acento da crase é facultativo.
Em Portugal, é normal o uso do acento da crase após a preposição “até”.
Eu, porém, prefiro a forma sem o acento da crase: “Até as 10h”.
Na minha opinião, a presença da preposição “até” torna desnecessário o uso da preposição “a”. Isso significa que temos apenas o artigo definido “as”.
O mesmo ocorre com outras preposições:
“Viajou para a Itália”; “Está aqui desde as 10h”; “Chegará só após as 10h”; “Lutou contra a ditadura”.
Tome cuidado para não confundir a preposição “até” com a partícula de inclusão (até = inclusive): “Até os diretores compareceram à reunião” (=inclusive os diretores). Após a partícula de inclusão pode ocorrer a crase:
“O aluno se referia às colegas e até à amiga mais íntima”.
3a) HÁ ou A?
Dois leitores têm a mesma dúvida:
1o) “A empresa X mantém HÁ ou A quatro anos contrato com o cliente Z” ?
2o) “Estamos trabalhando HÁ ou A 150 dias sem acidentes com afastamento” ?
Nos dois casos, devemos usar HÁ: “…mantém HÁ quatro anos…” e “Estamos trabalhando HÁ 150 dias…”
Quando houver a ideia de tempo decorrido, usamos o verbo HAVER ou o verbo FAZER (=”…FAZ quatro anos…” e “…FAZ 150 dias…”).
Observações:
1a) Os verbos HAVER e FAZER se referem a tempo PASSADO e devem ser usados somente no SINGULAR (=não têm sujeito);
2a) Caso a ideia seja de “tempo futuro”, devemos usar a preposição “a”: “Assinaremos o contrato daqui A quatro dias”;
“Voltaremos ao trabalho daqui A 150 dias”.
4a) PORQUE ou POR QUE ou PORQUÊ ou POR QUÊ?
a) PORQUE = conjunção causal ou explicativa:
“O advogado não compareceu à reunião PORQUE está doente.”
“Feche a porta PORQUE está ventando muito.”
b) PORQUÊ = forma substantivada (com artigo “o” ou “um”):
“Ela quer saber o PORQUÊ da sua demissão.”
“O diretor quer um PORQUÊ para tudo isso.”
c) POR QUÊ = no fim de frase (antes de pausa forte):
“Parou POR QUÊ?”
“Se ele mentiu, eu queria saber POR QUÊ.”
“Quero saber POR QUÊ, onde e quando.”
d) POR QUE
“Gostaria de saber POR QUE você viajou.”
“É um drama POR QUE muitos passam.” (=pelo qual)
“Não sei POR QUE motivo o advogado não veio.” (=por qual)
“Não sei POR QUE ele não veio.” (=por qual motivo).
Leitor questiona propaganda que fala em “VENDA MONSTRO”.
Nosso leitor não tem razão.
A frase não está errada. MONSTRO é um substantivo no papel de adjetivo. Quando isso acontece, a palavra torna-se invariável (=não tem feminino nem plural): “venda MONSTRO” e “engarrafamentos MONSTRO”.
O mesmo ocorre com o substantivo LARANJA (=fruta). Quando exerce a função de adjetivo (LARANJA = cor), torna-se invariável: “Casaco LARANJA”. “Camisas LARANJA”. Não devemos usar “camisas laranjas”, e ninguém diria “casaco laranjo”.
Não devemos confundir MONSTRO (=substantivo) com MONSTRUOSO (=adjetivo). Isso significa que o adjetivo deve concordar em gênero e número com o substantivo a que se refere: “venda MONSTRUOSA”, “engarrafamentos MONSTRUOSOS”.
Também não devemos confundir LARANJA (substantivo exercendo a função de adjetivo = nome de fruta como cor) com AMARELO, que é cor mesmo (=adjetivo):
“Casaco LARANJA, mas casaco AMARELO”;
“Camisas LARANJA, mas camisas AMARELAS”.
Que fique bem claro:
Os adjetivos apresentam flexão de gênero e número;
Os substantivos, exercendo a função de adjetivo, ficam invariáveis.
2a) Até as 10h ou Até às 10h?
Para muitos autores, neste caso o uso do acento da crase é facultativo.
Em Portugal, é normal o uso do acento da crase após a preposição “até”.
Eu, porém, prefiro a forma sem o acento da crase: “Até as 10h”.
Na minha opinião, a presença da preposição “até” torna desnecessário o uso da preposição “a”. Isso significa que temos apenas o artigo definido “as”.
O mesmo ocorre com outras preposições:
“Viajou para a Itália”; “Está aqui desde as 10h”; “Chegará só após as 10h”; “Lutou contra a ditadura”.
Tome cuidado para não confundir a preposição “até” com a partícula de inclusão (até = inclusive): “Até os diretores compareceram à reunião” (=inclusive os diretores). Após a partícula de inclusão pode ocorrer a crase:
“O aluno se referia às colegas e até à amiga mais íntima”.
3a) HÁ ou A?
Dois leitores têm a mesma dúvida:
1o) “A empresa X mantém HÁ ou A quatro anos contrato com o cliente Z” ?
2o) “Estamos trabalhando HÁ ou A 150 dias sem acidentes com afastamento” ?
Nos dois casos, devemos usar HÁ: “…mantém HÁ quatro anos…” e “Estamos trabalhando HÁ 150 dias…”
Quando houver a ideia de tempo decorrido, usamos o verbo HAVER ou o verbo FAZER (=”…FAZ quatro anos…” e “…FAZ 150 dias…”).
Observações:
1a) Os verbos HAVER e FAZER se referem a tempo PASSADO e devem ser usados somente no SINGULAR (=não têm sujeito);
2a) Caso a ideia seja de “tempo futuro”, devemos usar a preposição “a”: “Assinaremos o contrato daqui A quatro dias”;
“Voltaremos ao trabalho daqui A 150 dias”.
4a) PORQUE ou POR QUE ou PORQUÊ ou POR QUÊ?
a) PORQUE = conjunção causal ou explicativa:
“O advogado não compareceu à reunião PORQUE está doente.”
“Feche a porta PORQUE está ventando muito.”
b) PORQUÊ = forma substantivada (com artigo “o” ou “um”):
“Ela quer saber o PORQUÊ da sua demissão.”
“O diretor quer um PORQUÊ para tudo isso.”
c) POR QUÊ = no fim de frase (antes de pausa forte):
“Parou POR QUÊ?”
“Se ele mentiu, eu queria saber POR QUÊ.”
“Quero saber POR QUÊ, onde e quando.”
d) POR QUE
- em perguntas (diretas ou indiretas):
“Gostaria de saber POR QUE você viajou.”
- substituível por POR QUAL, PELO QUAL, PELA QUAL…
“É um drama POR QUE muitos passam.” (=pelo qual)
- com a palavra MOTIVO antes, depois ou subentendida:
“Não sei POR QUE motivo o advogado não veio.” (=por qual)
“Não sei POR QUE ele não veio.” (=por qual motivo).
Dúvida dos leitores
qua, 08/06/11
por snogueira.sn |
categoria Dicas
1a) ENFEIANDO ou ENFEANDO?
Leitor nosso está em dúvida quanto ao uso do verbo “enfeiar”. Quer saber se a frase a seguir está correta: “Mas também está enfeiando a cidade e derrubando a imagem de administrador-arquiteto que nosso prefeito queria manter”.
Nosso leitor tem razão. Mas, cá entre nós, é um típico erro que muita gente boa não deve ter percebdo.
Para quem não sabe, o verbo é ENFEAR (=ficar feio). E aqui está o problema: se você fica FEIO, é porque está enfeiando. Errou duas vezes: nem ENFEIAR nem ENFEIANDO. O correto é ENFEAR e ENFEANDO.
O caso é o seguinte: o ditongo “ei” só ocorre quando a sílaba tônica cai sobre a vogal “e”: FEIo, iDEIa, reCEIo, pasSEIo, reCREIo, FREIo, CoREIa…
Entretanto, não há o ditongo “ei” quando a sílaba tônica muda de posição: enfeAR, enfeANdo, ideAL, ideoloGIa, receOso, passeANdo, freAda, coreAno…
2a) Verbos terminados em -EAR
Todos os verbos terminados em “-ear” (passear, saborear, cear, recrear, frear, enfear…) fazem um ditongo “ei” nas formas rizotônicas (=sílaba tônica na raiz do verbo).
As formas rizotônicas são: 1ª, 2ª e 3ª pessoas do singular e a 3ª pessoa do plural dos tempos do presente:
a) presente do indicativo:
eu passeio, tu passeias, ele passeia, eles passeiam;
eu freio, tu freias, ele freia, eles freiam;
eu enfeio, tu enfeias, ele enfeia, eles enfeiam;
b) presente do subjuntivo:
que eu passeie, tu passeies, ele passeie, eles passeiem;
que eu freie, tu freies, ele freie, eles freiem;
que eu enfeie, tu enfeies, ele enfeie, eles enfeiem.
Observações:
1a) As 1a e 2a pessoas do plural não fazem ditongo:
nós passeamos, vós passeais, que nós passeemos;
nós freamos, vós freais, que nós freemos;
nós enfeamos, vós enfeais, que nós enfeemos;
2a) Nos tempos do pretérito e do futuro, jamais ocorre o ditongo:
eu passeei, ele passeou, eles passearam, eu passeava, ele
passeará, eles passeariam, passeando…
3a) ARREIA ou ARRIA?
As duas formas são corretas.
1a) Ele ARREIA é do verbo ARREAR (=pôr os arreios):
“Ele ARREIA o cavalo”;
2a) Ele ARRIA é do verbo ARRIAR (=abaixar):
“Ele ARRIA a cortina”.
4a) VISA ATENDER ou VISA A ATENDER?
Quanto à frase “…visa atender aos desejos dos alunos”, leitor quer saber se o certo não seria: “…visa a atender…”
Segundo a regência tradicional,o verbo VISAR, no sentido de “almejar, desejar, aspirar”, era transitivo indireto: “Sua campanha visava AO governo do estado”. Hoje em dia, porém, a maioria dos estudiosos considera caso de regência facultativa: transitive direto ou indireto.
Portanto, se seguirmos rigorosamente a regência clássica, devemos usar a preposição “a”: “…visa A atender aos desejos dos alunos”.
É importante, porém, observar que, atualmente, é perfeitamente aceitável a omissão da preposição quando se trata de locução verbal. Portanto, “visa atender” não é considerado um erro.
O mesmo ocorre em :
“Preciso de comprar…” ou “Preciso comprar…”
5a) VER ou VIR?
Leitor quer saber se a frase “Se você o ver, peça a ele que me ligue” está correta.
Nessa frase, o verbo VER deveria estar no futuro do subjuntivo. O certo é: “Se você o VIR…”
O futuro do subjuntivo do verbo VER é:
Quando ou se eu VIR, tu VIRES, ele VIR, nós VIRMOS, vós VIRDES, eles VIREM.
6ª) Qual é a forma correta?
a) os óculos escuros ou o óculos escuro ?
b) nada a ver ou nada haver ?
c) a maestro ou a maestrina ?
d) escrevi em baixo ou escrevi embaixo ?
e) ata por mim assinada ou ata pôr mim assinada ?
O certo é:
a) os óculos escuros;
b) nada a ver;
c) a maestrina;
d) escrevi embaixo;
e) ata por mim assinada.
Dúvidas dos leitores
qua, 01/06/11
por snogueira.sn |
categoria Dicas
1ª) INTERVIU ou INTERVEIO?
Estava escrito numa campanha publicitária: “…os proprietários invadiram a Companhia, expulsaram os jesuítas e tentaram organizar um governo local. O Governo INTERVIU. A Companhia acabou…”
O leitor tem razão. Está errado. O verbo INTERVIR é derivado de VIR. Se ele VEIO, ele INTERVEIO.
A forma verbal interviu não existe.
Vamos recordar a regrinha:
Os verbos derivados de VER (=rever, prever, antever…) seguem o verbo VER:
Eu vejo > eu revejo, prevejo, antevejo;
Eu vi > eu revi, previ, antevi;
Ele viu > ele reviu, previu, anteviu;
Se eu visse > se eu revisse, previsse, antevisse;
Quando eu vir > quando eu revir, previr, antevir;
Os verbos derivados de VIR (=intervir, provir…) seguem o verbo VIR:
Eu venho > eu intervenho, provenho;
Eu vim > eu intervim, provim;
Ele veio > ele INTERVEIO, proveio;
Se eu viesse > se eu interviesse, proviesse;
Quando eu vier > quando eu intervier, provier.
2ª) RÁPIDO ou RÁPIDA?
Leitor quer saber se a frase “A bola tem que chegar rápida ao ataque” está certa.
Não é a bola que é rápida. RAPIDAMENTE é o modo como a bola deve chegar ao ataque. Trata-se, portanto, de um advérbio de modo. Não devemos esquecer que os advérbios são invariáveis (=não se flexionam).
Isso tudo significa que a concordância está errada. Devemos dizer que “a bola deve chegar RÁPIDO ao ataque”. Melhor ainda: “a bola deve chegar RAPIDAMENTE ao ataque”.
3ª) IRIAM IR ou IRIAM?
Estava escrito num bom jornal: “Inicialmente, os dois programas iriam ir ao ar depois da novela das oito”.
Leitor achou a frase muito estranha. Eu também. Bastaria dizer que “os dois programas IRIAM ao ar depois da novela das oito”.
Esse caso me fez lembrar a mania que alguns têm em usar “eu vou ir”.
Pior ainda é caso do “eu vou vim”. Aí, é dose! Ou você vai ou você vem. Na verdade ele queria dizer “eu vou vir”. Não sei por que complicar. É muito mais simples dizer: eu IREI e eu VIREI.
4a) COMEÇEI ou COMECEI?
Leitora apaixonada pela Língua Portuguesa demonstra toda a sua indignação por causa de um começei (com cedilha) que ela encontrou num texto jornalístico.
Concordo inteiramente com a nossa leitora: é um absurdo! Na lingual portugesa, não existe palavra alguma em que o “ç” apareça antes das vogais “i” e “e”. A função da cedilha é manter o som da letra “c” diante das vogais “a”, “o” e “u”: COMEÇAR, AÇAÍ, PALHAÇO, ALMOÇO, IGUAÇU, AÇÚCAR…
Observe algumas curiosidades:
ALCANÇAR, mas o ALCANCE, que nós ALCANCEMOS…
ESBOÇAR, ESBOÇO, mas que você ESBOCE…
COMEÇAR, COMEÇO, mas que eu COMECE, eu COMECEI…
5a) ESQUECER ou ESQUECER-SE?
As duas formas são corretas. Devemos ter cuidado com a regência:
Quem ESQUECE esquece “alguma coisa”, mas quem SE ESQUECE se esquece “DE alguma coisa”. ESQUECER é transitivo direto; ESQUECER-SE é transitivo indireto.
Nós temos, portanto, duas opções:
“Eu esqueci a caneta” ou
“Eu me esqueci da caneta”.
Observe outro exemplo:
“Não esqueçam que a festa será no próximo dia 25″ ou
“Não se esqueçam de que a festa será no próximo dia 25″.
6a) AVISOU QUE ou AVISOU DE QUE?
A frase que gerou a dúvida é: “O professor avisou aos alunos de que já era tarde”.
O verbo AVISAR é transitivo direto e indireto. Há duas opções:
1a) AVISAR alguma coisa a alguém:
“O professor avisou AOS alunos QUE já era tarde.” Ou
2a) AVISAR alguém DE alguma coisa:
“O professor avisou OS alunos DE QUE já era tarde.”
O problema da frase é que havia dois objetos indiretos: “O professor avisou AOS alunos (=objeto indireto) DE QUE já era tarde (=outro objeto indireto). Ou você tira a preposição “a”: “…avisou OS alunos (=objeto direto) DE QUE já era tarde (=objeto indireto)”; ou você tira a preposição “de”: “…avisou AOS alunos (=objeto indireto) QUE já era tarde (=objeto direto)”.
Estava escrito numa campanha publicitária: “…os proprietários invadiram a Companhia, expulsaram os jesuítas e tentaram organizar um governo local. O Governo INTERVIU. A Companhia acabou…”
O leitor tem razão. Está errado. O verbo INTERVIR é derivado de VIR. Se ele VEIO, ele INTERVEIO.
A forma verbal interviu não existe.
Vamos recordar a regrinha:
Os verbos derivados de VER (=rever, prever, antever…) seguem o verbo VER:
Eu vejo > eu revejo, prevejo, antevejo;
Eu vi > eu revi, previ, antevi;
Ele viu > ele reviu, previu, anteviu;
Se eu visse > se eu revisse, previsse, antevisse;
Quando eu vir > quando eu revir, previr, antevir;
Os verbos derivados de VIR (=intervir, provir…) seguem o verbo VIR:
Eu venho > eu intervenho, provenho;
Eu vim > eu intervim, provim;
Ele veio > ele INTERVEIO, proveio;
Se eu viesse > se eu interviesse, proviesse;
Quando eu vier > quando eu intervier, provier.
2ª) RÁPIDO ou RÁPIDA?
Leitor quer saber se a frase “A bola tem que chegar rápida ao ataque” está certa.
Não é a bola que é rápida. RAPIDAMENTE é o modo como a bola deve chegar ao ataque. Trata-se, portanto, de um advérbio de modo. Não devemos esquecer que os advérbios são invariáveis (=não se flexionam).
Isso tudo significa que a concordância está errada. Devemos dizer que “a bola deve chegar RÁPIDO ao ataque”. Melhor ainda: “a bola deve chegar RAPIDAMENTE ao ataque”.
3ª) IRIAM IR ou IRIAM?
Estava escrito num bom jornal: “Inicialmente, os dois programas iriam ir ao ar depois da novela das oito”.
Leitor achou a frase muito estranha. Eu também. Bastaria dizer que “os dois programas IRIAM ao ar depois da novela das oito”.
Esse caso me fez lembrar a mania que alguns têm em usar “eu vou ir”.
Pior ainda é caso do “eu vou vim”. Aí, é dose! Ou você vai ou você vem. Na verdade ele queria dizer “eu vou vir”. Não sei por que complicar. É muito mais simples dizer: eu IREI e eu VIREI.
4a) COMEÇEI ou COMECEI?
Leitora apaixonada pela Língua Portuguesa demonstra toda a sua indignação por causa de um começei (com cedilha) que ela encontrou num texto jornalístico.
Concordo inteiramente com a nossa leitora: é um absurdo! Na lingual portugesa, não existe palavra alguma em que o “ç” apareça antes das vogais “i” e “e”. A função da cedilha é manter o som da letra “c” diante das vogais “a”, “o” e “u”: COMEÇAR, AÇAÍ, PALHAÇO, ALMOÇO, IGUAÇU, AÇÚCAR…
Observe algumas curiosidades:
ALCANÇAR, mas o ALCANCE, que nós ALCANCEMOS…
ESBOÇAR, ESBOÇO, mas que você ESBOCE…
COMEÇAR, COMEÇO, mas que eu COMECE, eu COMECEI…
5a) ESQUECER ou ESQUECER-SE?
As duas formas são corretas. Devemos ter cuidado com a regência:
Quem ESQUECE esquece “alguma coisa”, mas quem SE ESQUECE se esquece “DE alguma coisa”. ESQUECER é transitivo direto; ESQUECER-SE é transitivo indireto.
Nós temos, portanto, duas opções:
“Eu esqueci a caneta” ou
“Eu me esqueci da caneta”.
Observe outro exemplo:
“Não esqueçam que a festa será no próximo dia 25″ ou
“Não se esqueçam de que a festa será no próximo dia 25″.
6a) AVISOU QUE ou AVISOU DE QUE?
A frase que gerou a dúvida é: “O professor avisou aos alunos de que já era tarde”.
O verbo AVISAR é transitivo direto e indireto. Há duas opções:
1a) AVISAR alguma coisa a alguém:
“O professor avisou AOS alunos QUE já era tarde.” Ou
2a) AVISAR alguém DE alguma coisa:
“O professor avisou OS alunos DE QUE já era tarde.”
O problema da frase é que havia dois objetos indiretos: “O professor avisou AOS alunos (=objeto indireto) DE QUE já era tarde (=outro objeto indireto). Ou você tira a preposição “a”: “…avisou OS alunos (=objeto direto) DE QUE já era tarde (=objeto indireto)”; ou você tira a preposição “de”: “…avisou AOS alunos (=objeto indireto) QUE já era tarde (=objeto direto)”.
Dúvidas dos leitores
qua, 25/05/11
por snogueira.sn |
categoria Dicas
1ª) JUNTO ou JUNTOS?
A palavra JUNTO só apresenta flexão (feminino ou plural)quando é adjetivo. Observe alguns exemplos:
“As duas velhinhas moram JUNTAS.”
“Os livros estão JUNTOS na estante da esquerda.”
As locuções prepositivas JUNTO A e JUNTO DE (=perto de, ao
lado de) são invariáveis.
“A sala de reuniões fica JUNTO AO ambulatório.”
“Os livros estão JUNTO DA estante da esquerda.”
Observação:
Sou contra o uso da palavra JUNTO fora do seu real significado (=colado, unido, ao lado):
“Contraiu um empréstimo junto ao Banco do Brasil”. Só se foi no
vizinho! Na verdade, ele contraiu o empréstimo NO Banco do Brasil.
“Só resolverá o problema junto à diretoria da empresa”. Deve
ser no banheiro que fica ao lado!! Devemos resolver o problema COM a diretoria da empresa.
“Palmeiras contratou o zagueiro junto ao Flamengo”. Agora fiquei em dúvida. Terá sido no posto de gasolina Mengão, no Ciep que fica próximo ou no Hospital Miguel Couto? É brincadeirinha. Bastaria dizer que o Palmeiras contratou o zagueiro do (ou “ao”) Flamengo.
2ª) ESTE ou ESSE?
1o) Quando nos referimos ao “tempo presente”, devemos usar ESTE:
“NESTE momento, está chovendo no Rio de Janeiro.” (=agora)
“Ele deve entregar o proposta NESTA semana.” (=na semana em que estamos)
“Não haverá futebol NESTE domingo.” (=hoje)
“O pagamento deverá ser feito NESTE mês.” (=mês em que estamos)
2o) Quando nos referimos a algo citado anteriormente, devemos usar ESSE:
“Tudo ia bem até a 25a volta, NESSE momento houve um grande acidente.”
“Ele pouco se dedicava ao projeto, por ISSO foi dispensado.”
Observe alguns exemplos inadequados:
“Pelé chega de Nova Iorque NESSA semana.” (= Não se falou anteriormente de outra semana. Só pode ser NESTA semana);
“Com os nervos à flor da pele desde o início DESSA semana, os operadores mostravam-se exaustos ontem.” (= Se os operadores estavam exaustos “no dia anterior”, é porque o autor referia-se ao início DESTA semana);
“Mas, o que se diz no Palácio do Planalto é que, NESSE momento, lavar a roupa suja em público só ajuda mesmo a uma pessoa.” (= O autor referia-se ao momento atual. Deveria ter usado: “NESTE momento”);
“Depois DESTA pobre e pequena diversão.” (O autor referia-se ao que acabara de dizer. Deveria ter dito: “Depois DESSA pobre e pequena diversão”).
3ª) Camisas ROSAS ou ROSA?
O certo é: CAMISAS ROSA
Um substantivo, no papel de adjetivo, torna-se invariável (=não se flexiona em gênero e número).
ROSA é o nome (=substantivo) de uma flor. Se nós usarmos como cor (=adjetivo), torna-se invariável:
Blusão (=masculino) ROSA (feminino);
Camisas (=plural) ROSA (singular).
Observe que a palavra ROSA, quando usada como cor (=no papel de adjetivo), é sempre ROSA (=sem masculino nem plural).
Vejamos outros exemplos:
Camisas LARANJA, casacos VINHO, blusas CREME, sapatos AREIA, calças CINZA, GELO, TIJOLO, ABACATE, LIMÃO…
4a) Por que AJUDÁ-LO, RECEBÊ-LO e DIVIDI-LO?
Leitora quer saber o porquê dos acentos.
Em português, as palavras oxítonas só recebem acento gráfico se terminarem em “o”, “e”, “a”: compô-la, propô-lo, recebê-lo, vendê-la, ajudá-lo, procurá-la…
As oxítonas terminadas em “i” e “u” não recebem acento gráfico: dividi-lo, adquiri-la, servi-los…
É importante lembrar que deveremos usar o acento agudo, caso as vogais “i” e “u” formem hiato com a vogal anterior: destruí-lo, contruí-la, distribuí-los, atraí-las, possuí-lo…
5a) RÉIS ou REAIS?
É possível que muitos brasileiros não saibam que não é a primeira vez que a nossa moeda se chama REAL.
Na vez anterior, o plural do REAL era RÉIS.
Entretanto, o plural da nossa moeda atual é REAIS.
Devemos, portanto, dizer: um REAL, mas dez REAIS.
Dúvidas dos leitores
qua, 18/05/11
por Sérgio Nogueira |
categoria Dicas
1a) ABAIXO-ASSINADO ou ABAIXO ASSINADO ?
a) ABAIXO-ASSINADO, com hífen, é o documento assinado por muitas pessoas que reivindicam alguma coisa. Seu plural é abaixo-assinados.
“Os alunos entregaram o abaixo-assinado ao diretor da escola.”
b) ABAIXO ASSINADO, sem hífen, indica a pessoa que assina o documento.
“Sérgio Nogueira, abaixo assinado, vem solicitar a Vossa Senhoria que autorize…”
2a) Eu ABULO ou eu ABOLO ?
É a famosa dúvida do nada com coisa alguma. ABOLIR é verbo defectivo. Só pode ser conjugado nas formas em que, após o radical, aparecem as letras “e” ou “i”.
Observações:
a) No presente do indicativo: eu (não existe), tu aboles, ele abole, nós
abolimos, vós abolis, eles abolem;
b) No presente do subjuntivo: não existe forma alguma;
Existem outros verbos que apresentam um problema semelhante ao do ABOLIR: colorir, demolir, explodir, extorquir, latir…
Portanto, se você quisesse dizer que “é necessário que se demula ou demola a parede”, a solução é buscar um verbo sinônimo: “É necessário que se DESTRUA (ou DERRUBE) a parede”.
É interessante observar também que não existem as formas: eu demulo, eu explodo, eu extorco, eu coloro, eu lato. A solução é um verbo sinônimo ou uma locução verbal : estou demolindo, estou explodindo, estou extorquindo, estou colorindo, estou latindo…
3a) ACIDENTE ou INCIDENTE ?
a) ACIDENTE: acontecimento imprevisto, desastre.
“Acidente entre dois trens provoca morte de cem pessoas.”
“Acidente na hidrelétrica provoca blecaute em São Paulo.”
b) INCIDENTE: circunstância, casual, episódio, atrito.
“Incidente entre parlamentares paralisa votação.”
4a) A CORES ou EM CORES ?
Como os antigos aparelhos de TV eram “em preto e branco”, prefiro EM CORES. É bom lembrar que os filmes sempre foram “em cores”.
5a) Acostumado A ou COM ?
Tanto faz.
“Ele já está acostumado AO calor (ou COM o calor).”
6ª) Concordância com PERCENTAGENS
“Em Recife, 26% da população TROCA ou TROCAM a escova de dentes por métodos pouco convencionais.”
Para a maioria dos autores, é um caso facultativo:
a) O verbo pode concordar com a percentagem plural: “26% …
TROCAM…”;
b) O verbo pode concordar com o especificador (população) no
singular: “26% da população TROCA…”
Não é um caso de certo ou errado. É uma questão de padronização. Nós preferimos a concordância com o especificador, principalmente quando o verbo é de ligação ou está na voz passiva: “26% da população ESTÁ DESABRIGADA”.
7ª) Emití-la ou emiti-la? Serví-lo ou servi-lo?
O certo é EMITI-LA e SERVI-LO (sem acento agudo).
As palavras oxítonas terminadas em “i” não recebem acento agudo: abacaxi, Parati, aqui, caqui, tupi, guarani, adquiri-la, dividi-lo, emiti-la, servi-lo…
As palavras oxítonas terminadas em “i” só recebem acento agudo se houver hiato com a vogal anterior: Icaraí, caí, saí, açaí, Piauí, Chuí, destruí-la, construí-lo, distribuí-los…
8ª) BASTANTE ou BASTANTES?
a) BASTANTE (=muito ou suficientemente) é advérbio de intensidade. É uma forma invariável (=não vai para o plural):
“Os empregados se esforçaram BASTANTE.” (=muito ou suficientemente)
“Eles são BASTANTE esforçados.” (=muito)
“Os espectadores saíram BASTANTE satisfeitos.” (=muito)
b) BASTANTES (no plural) só é possível se estiver junto a um substantivo plural.
Pode ser pronome adjetivo indefinido (=muitos):
“Os alunos estão com BASTANTES problemas para resolver.”
Considero essa forma horrorosa. Sugiro que não seja usada. Prefira: “…MUITOS problemas…”;
Pode ser adjetivo (=suficientes):
“Ele já tem provas BASTANTES para incriminar o réu.” (=suficientes)
“Fulano de Tal constitui como seus BASTANTES procuradores…”
a) ABAIXO-ASSINADO, com hífen, é o documento assinado por muitas pessoas que reivindicam alguma coisa. Seu plural é abaixo-assinados.
“Os alunos entregaram o abaixo-assinado ao diretor da escola.”
b) ABAIXO ASSINADO, sem hífen, indica a pessoa que assina o documento.
“Sérgio Nogueira, abaixo assinado, vem solicitar a Vossa Senhoria que autorize…”
2a) Eu ABULO ou eu ABOLO ?
É a famosa dúvida do nada com coisa alguma. ABOLIR é verbo defectivo. Só pode ser conjugado nas formas em que, após o radical, aparecem as letras “e” ou “i”.
Observações:
a) No presente do indicativo: eu (não existe), tu aboles, ele abole, nós
abolimos, vós abolis, eles abolem;
b) No presente do subjuntivo: não existe forma alguma;
Existem outros verbos que apresentam um problema semelhante ao do ABOLIR: colorir, demolir, explodir, extorquir, latir…
Portanto, se você quisesse dizer que “é necessário que se demula ou demola a parede”, a solução é buscar um verbo sinônimo: “É necessário que se DESTRUA (ou DERRUBE) a parede”.
É interessante observar também que não existem as formas: eu demulo, eu explodo, eu extorco, eu coloro, eu lato. A solução é um verbo sinônimo ou uma locução verbal : estou demolindo, estou explodindo, estou extorquindo, estou colorindo, estou latindo…
3a) ACIDENTE ou INCIDENTE ?
a) ACIDENTE: acontecimento imprevisto, desastre.
“Acidente entre dois trens provoca morte de cem pessoas.”
“Acidente na hidrelétrica provoca blecaute em São Paulo.”
b) INCIDENTE: circunstância, casual, episódio, atrito.
“Incidente entre parlamentares paralisa votação.”
4a) A CORES ou EM CORES ?
Como os antigos aparelhos de TV eram “em preto e branco”, prefiro EM CORES. É bom lembrar que os filmes sempre foram “em cores”.
5a) Acostumado A ou COM ?
Tanto faz.
“Ele já está acostumado AO calor (ou COM o calor).”
6ª) Concordância com PERCENTAGENS
“Em Recife, 26% da população TROCA ou TROCAM a escova de dentes por métodos pouco convencionais.”
Para a maioria dos autores, é um caso facultativo:
a) O verbo pode concordar com a percentagem plural: “26% …
TROCAM…”;
b) O verbo pode concordar com o especificador (população) no
singular: “26% da população TROCA…”
Não é um caso de certo ou errado. É uma questão de padronização. Nós preferimos a concordância com o especificador, principalmente quando o verbo é de ligação ou está na voz passiva: “26% da população ESTÁ DESABRIGADA”.
7ª) Emití-la ou emiti-la? Serví-lo ou servi-lo?
O certo é EMITI-LA e SERVI-LO (sem acento agudo).
As palavras oxítonas terminadas em “i” não recebem acento agudo: abacaxi, Parati, aqui, caqui, tupi, guarani, adquiri-la, dividi-lo, emiti-la, servi-lo…
As palavras oxítonas terminadas em “i” só recebem acento agudo se houver hiato com a vogal anterior: Icaraí, caí, saí, açaí, Piauí, Chuí, destruí-la, construí-lo, distribuí-los…
8ª) BASTANTE ou BASTANTES?
a) BASTANTE (=muito ou suficientemente) é advérbio de intensidade. É uma forma invariável (=não vai para o plural):
“Os empregados se esforçaram BASTANTE.” (=muito ou suficientemente)
“Eles são BASTANTE esforçados.” (=muito)
“Os espectadores saíram BASTANTE satisfeitos.” (=muito)
b) BASTANTES (no plural) só é possível se estiver junto a um substantivo plural.
Pode ser pronome adjetivo indefinido (=muitos):
“Os alunos estão com BASTANTES problemas para resolver.”
Considero essa forma horrorosa. Sugiro que não seja usada. Prefira: “…MUITOS problemas…”;
Pode ser adjetivo (=suficientes):
“Ele já tem provas BASTANTES para incriminar o réu.” (=suficientes)
“Fulano de Tal constitui como seus BASTANTES procuradores…”
Dúvidas dos leitores
qua, 11/05/11
por snogueira.sn |
categoria Dicas
1ª) AUTO ou ALTO?
1) ALTO é o contrário de BAIXO. Pode ser adjetivo ou advérbio. Observe os exemplos:
“Ele é um homem alto.” (x homem baixo – adjetivo);
“O som estava muito alto.” (x som baixo – adjetivo);
“Gostei do alto-relevo.” (= relevo alto - adjetivo);
“Desligou os altos-fornos.” (adjetivo);
“O diretor sempre falava alto.” (x falava baixo – advérbio);
“Comprei quatro alto-falantes.” (advérbio).
2o) AUTO é um prefixo de origem grega que significa “a si próprio, a si mesmo”. Tem uma ideia reflexiva. O automóvel foi assim chamado porque “movia a si próprio” ( = dispensava a tração animal). Autocontrole é ter o controle de si mesmo. Autodidata é o que aprende sozinho, ensina para si mesmo.
Portanto, é impossível “você fazer a autobiografia do seu melhor amigo”. E é redundante “você fazer a autobiografia de si mesmo”. Ou você faz a sua autobiografia ou você faz a biografia do seu melhor amigo.
2ª) Horas ou H ou HS ou h ou hs?
São tantos leitores perguntando, que resolvi voltar ao assunto.
1o) Horas deve ser abreviado com letra minúscula ( = “h”): “A reunião será às 3h.” O “H” (maiúsculo) é o símbolo do hidrogênio.
2o) Não faz plural: “A reunião será às 3h”, e não “…às 3 hs“.
3o) Devemos escrever horas por extenso quando nos referimos à duração: “Eles estiveram reunidos durante três horas”.
4o) Não há a necessidade dos “00″ para indicar os minutos. Não precisamos usar “3:00h“. Se houver minutos, podemos abreviar com “min”: “A reunião será às 3h30min”. Para mim, bastaria 3h30.
Observe a diferença:
“A reunião vai das 8h às 10h.” (A reunião começará às 8h e terminará às 10h);
“A reunião vai de oito a dez horas.” (A duração da reunião será aproximadamente entre oito e dez horas).
Vejamos agora um exemplo curioso enviado por um leitor:
“Este evento ocorrerá às 19 e 20 horas.”
Parece haver dois horários possíveis para o evento: às 19h e às 20h. A verdadeira informação era: “Este evento ocorrerá às 19h20min.”
3ª) VERBOS PRONOMINAIS
Leitora faz um alerta: “É iminente a extinção dos verbos pronominais”. Observe a lista de exemplos. Você já deve estar tão acostumado a ouvir, que talvez nem sinta falta do pronome:
“Como você chama?” (Como você se chama?)
“O autor chama José de Alencar.” (O autor se chama José de Alencar.)
“Eu formei em engenharia.” (Eu me formei em engenharia.)
“Eu machuquei.” (Eu me machuquei.)
“Eu gripei.” (Eu me gripei.)
“O jogador está aquecendo.” (O jogador está se aquecendo.)
“O Brasil classificou.” (O Brasil se classificou.)
Por outro lado, também ocorre o uso desnecessário do pronome. Durante as transmissões dos jogos da Copa, tivemos o dissabor de ouvir um dos nossos locutores afirmar: “O atacante escorregou-se“.
Isso, provavelmente, foi para ser bem claro: o atacante não foi empurrado; ele caiu sozinho. É preciso buscar a “lógica” do raciocínio. Portanto, se o atacante escorregar de novo, “ele se escorregou-se“.
Estou brincando, é claro. Basta: “O atacante escorregou”.
4ª) Referia-se à ou a Vossa Excelência?
Todos nós aprendemos na escola que não ocorre crase antes de pronomes de tratamento. O certo é: “Referia-se a Vossa Excelência”.
Por quê?
Porque não há artigo definido “a” antes dos pronomes de tratamento femininos que podem ser usados para substituir tanto mulheres quanto homens: Vossa Excelência, Vossa Senhoria, Vossa Majestade, Vossa Alteza, você…
Caso o pronome de tratamento seja feminino e sirva só para substituir mulheres, pode ocorrer a crase:
“Referia-se à senhora (=ao senhor);
à doutora (=ao doutor);
à Ilustríssima… (=ao Ilustríssimo…);
à Meritíssima… (=ao Meritíssimo…);
à senhorita, à madame …
5ª) “À ou A realizar-se no dia 8 de dezembro…”?
Para que o seu convite de casamento não apresente erros gramaticais que possam provocar risinhos de algum convidado mais exigente, escreva:
“A realizar-se no dia 8 de dezembro…”
Parabéns pelo seu casamento, e não esqueça: antes de verbo é impossível ocorrer crase, porque jamais haverá artigo definido “a” antes de verbo.
Dúvidas dos leitores
qua, 04/05/11
por snogueira.sn |
categoria Dicas
A VÍRGULA
Saída das profundezas do inferno, hoje, com vocês, a maldita: a vírgula.
Sem dúvida, o uso da vírgula é uma das nossas maiores desgraças. Pontuação é coisa séria. Um erro de pontuação é muito pior que um acento indicativo da crase mal usado, que uma preposição esquecida ou um hífen usado indevidamente.
Uma vírgula esquecida ou mal usada afeta o sentido da frase. A maldita pode mudar o sentido ou deixar a frase sem sentido. Observe a importância da vírgula no exemplo abaixo:
“Os técnicos foram à reunião acompanhados da secretária do diretor e de um coordenador.”
Sem vírgula, entendemos que os técnicos foram à reunião com mais duas pessoas: a secretária do diretor e um coordenador.
Se usarmos uma vírgula, mudaremos o sentido da frase:
“Os técnicos foram à reunião acompanhados da secretária, do diretor e de um coordenador.”
Agora, os técnicos foram à reunião com três pessoas: a secretária (que não deve ser a do diretor), o diretor e um coordenador. A presença do diretor na reunião é uma novidade. Vejam como a vírgula é poderosa: é capaz de fazer o diretor ir à reunião.
Muitos me perguntam: a vírgula, afinal, é ou não uma pausa?
Todos nós, quando fomos alfabetizados, aprendemos que a vírgula é uma pausa e que sua presença significa que devemos “dar uma paradinha” (para respirar, para tomar fôlego).
Até aqui, tudo bem. Espertinho é o adulto que deu outra interpretação: “eu só ponho vírgula quando respiro”.
Ora, se isso fosse verdade, seria uma desgraça. Imagine o cara que sofre de dispneia: seria uma vírgula atrás de outra. Ou, então, um mergulhador, com um fôlego extraordinário. Bem, nesse caso, seriam dez linhas sem uma vírgula sequer.
Estou exagerando, eu sei. Mas vamos aos fatos. Já deve ter acontecido com você. Veja se não é verdade. Você começa a escrever. Se chegar ao fim da segunda linha, ao início da terceira e, até ali, não aparecer nenhuma vírgula, cria-se uma angústia interior, uma coceira irresistível na mão, que você não resiste. Joga umas duas vírgulas para cima e que Deus ajude.
Bem, apesar das brincadeiras, a vírgula merece muito respeito. Ao estudarmos o uso da vírgula, o mais difícil está no fato de a maioria das regras não ser rígida. Não é um simples caso de certo ou errado: aqui a vírgula é proibida, ali é obrigatória.
Em muitos casos, o professor é obrigado a responder: “depende do sentido” ou “é facultativo” ou “pode usar, mas não é obrigatório” ou “depende do estilo” ou outras respostas que geralmente deixam o aluno insatisfeito, inseguro ou até irritado. É muito difícil ensinar o “depende”.
Vejamos alguns casos.
Todo aposto explicativo deve ficar entre vírgulas:
“O prefeito de Campos, Asdrúbal da Silva, rejeitou o projeto.”
Não esqueça que as vírgulas são obrigatórias sempre que o cargo for exclusivo.
As vírgulas não devem ser usadas se o cargo pode ser ocupado por mais de uma pessoa:
“O professor Asdrúbal da Silva rejeitou a minha idéia.”
Guarde a “dica”:
a) Entre vírgulas: cargo exclusivo de uma pessoa;
b) Sem vírgulas: cargo que pode ser ocupado por várias pessoas.
Observe os exemplos:
“O governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, declarou…”
“O atual técnico da seleção brasileira, Mano Menezes, disse…
“O síndico do edifício assaltado, o aposentado Jarbas de Sousa, afirmou…”
“O governador Sérgio Cabral declarou…
“O ex-técnico da seleção brasileira Telê Santana disse…”
“O general da reserva Astolfo Antunes afirmou…”
DÚVIDA DO LEITOR
Em “Os empregados desta empresa QUE SE DEDICARAM MUITO AO TRABALHO deverão receber um abono salarial”, a oração em destaque deve ou não ficar entre vírgulas?
Se a ideia for restritiva ( = só aqueles que se dedicaram muito ao trabalho deverão receber um abono salarial), não devemos usar as vírgulas.
Se a ideia for explicativa ( = todos os empregados se dedicaram ao trabalho, por isso deverão receber um abono salarial), as vírgulas são obrigatórias.
Portanto:
a) ”Os empregados desta empresa que se dedicaram muito ao trabalho
deverão receber um abono salarial.” (oração subordinada adjetiva restritiva = somente os empregados que se dedicaram muito ao trabalho receberão um abono salarial);
b) ”Os empregados desta empresa, que se dedicaram muito ao trabalho,
deverão receber um abono salarial.” (oração subordinada adjetiva explicativa = todos os empregados se dedicaram ao trabalho e receberão um abono salarial).
Saída das profundezas do inferno, hoje, com vocês, a maldita: a vírgula.
Sem dúvida, o uso da vírgula é uma das nossas maiores desgraças. Pontuação é coisa séria. Um erro de pontuação é muito pior que um acento indicativo da crase mal usado, que uma preposição esquecida ou um hífen usado indevidamente.
Uma vírgula esquecida ou mal usada afeta o sentido da frase. A maldita pode mudar o sentido ou deixar a frase sem sentido. Observe a importância da vírgula no exemplo abaixo:
“Os técnicos foram à reunião acompanhados da secretária do diretor e de um coordenador.”
Sem vírgula, entendemos que os técnicos foram à reunião com mais duas pessoas: a secretária do diretor e um coordenador.
Se usarmos uma vírgula, mudaremos o sentido da frase:
“Os técnicos foram à reunião acompanhados da secretária, do diretor e de um coordenador.”
Agora, os técnicos foram à reunião com três pessoas: a secretária (que não deve ser a do diretor), o diretor e um coordenador. A presença do diretor na reunião é uma novidade. Vejam como a vírgula é poderosa: é capaz de fazer o diretor ir à reunião.
Muitos me perguntam: a vírgula, afinal, é ou não uma pausa?
Todos nós, quando fomos alfabetizados, aprendemos que a vírgula é uma pausa e que sua presença significa que devemos “dar uma paradinha” (para respirar, para tomar fôlego).
Até aqui, tudo bem. Espertinho é o adulto que deu outra interpretação: “eu só ponho vírgula quando respiro”.
Ora, se isso fosse verdade, seria uma desgraça. Imagine o cara que sofre de dispneia: seria uma vírgula atrás de outra. Ou, então, um mergulhador, com um fôlego extraordinário. Bem, nesse caso, seriam dez linhas sem uma vírgula sequer.
Estou exagerando, eu sei. Mas vamos aos fatos. Já deve ter acontecido com você. Veja se não é verdade. Você começa a escrever. Se chegar ao fim da segunda linha, ao início da terceira e, até ali, não aparecer nenhuma vírgula, cria-se uma angústia interior, uma coceira irresistível na mão, que você não resiste. Joga umas duas vírgulas para cima e que Deus ajude.
Bem, apesar das brincadeiras, a vírgula merece muito respeito. Ao estudarmos o uso da vírgula, o mais difícil está no fato de a maioria das regras não ser rígida. Não é um simples caso de certo ou errado: aqui a vírgula é proibida, ali é obrigatória.
Em muitos casos, o professor é obrigado a responder: “depende do sentido” ou “é facultativo” ou “pode usar, mas não é obrigatório” ou “depende do estilo” ou outras respostas que geralmente deixam o aluno insatisfeito, inseguro ou até irritado. É muito difícil ensinar o “depende”.
Vejamos alguns casos.
Todo aposto explicativo deve ficar entre vírgulas:
“O prefeito de Campos, Asdrúbal da Silva, rejeitou o projeto.”
Não esqueça que as vírgulas são obrigatórias sempre que o cargo for exclusivo.
As vírgulas não devem ser usadas se o cargo pode ser ocupado por mais de uma pessoa:
“O professor Asdrúbal da Silva rejeitou a minha idéia.”
Guarde a “dica”:
a) Entre vírgulas: cargo exclusivo de uma pessoa;
b) Sem vírgulas: cargo que pode ser ocupado por várias pessoas.
Observe os exemplos:
“O governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, declarou…”
“O atual técnico da seleção brasileira, Mano Menezes, disse…
“O síndico do edifício assaltado, o aposentado Jarbas de Sousa, afirmou…”
“O governador Sérgio Cabral declarou…
“O ex-técnico da seleção brasileira Telê Santana disse…”
“O general da reserva Astolfo Antunes afirmou…”
DÚVIDA DO LEITOR
Em “Os empregados desta empresa QUE SE DEDICARAM MUITO AO TRABALHO deverão receber um abono salarial”, a oração em destaque deve ou não ficar entre vírgulas?
Se a ideia for restritiva ( = só aqueles que se dedicaram muito ao trabalho deverão receber um abono salarial), não devemos usar as vírgulas.
Se a ideia for explicativa ( = todos os empregados se dedicaram ao trabalho, por isso deverão receber um abono salarial), as vírgulas são obrigatórias.
Portanto:
a) ”Os empregados desta empresa que se dedicaram muito ao trabalho
deverão receber um abono salarial.” (oração subordinada adjetiva restritiva = somente os empregados que se dedicaram muito ao trabalho receberão um abono salarial);
b) ”Os empregados desta empresa, que se dedicaram muito ao trabalho,
deverão receber um abono salarial.” (oração subordinada adjetiva explicativa = todos os empregados se dedicaram ao trabalho e receberão um abono salarial).
Vícios do futebolês
qua, 27/04/11
por snogueira.sn |
categoria Dicas
1) CLICHÊS
São expressões batidas e repetitivas que empobrecem o estilo. Evite:
1. Ao apagar das luzes, o Palmeiras conseguiu dar a volta por cima e, finalmente, fez as pazes com a vitória.
2. O dirigente respondeu em alto e bom som.
3. Via de regra, esse tipo de notícia estoura como uma bomba na federação.
4. É preciso aparar as arestas e chegar a um denominador comum.
5. Foram dar o último adeus ao companheiro, mas foram obrigados a dizer cobras e lagartos para o administrador do cemitério.
6. A explicação do técnico deixou a desejar.
7. Nada vai empanar o brilho da sua conquista.
8. Sua contratação veio preencher uma lacuna.
9. Pretendem encerrar o torneio com chave de ouro.
10. O atacante estava completamente impedido.
11. O todo-poderoso Manchester United perdeu para um desconhecido clube da terceira divisão.
12. A festa não tem hora para acabar, mas amanhã o carioca volta à dura realidade.
13. São imagens impressionantes que nos deixam uma lição de vida.
14. Mas nem só de gols vive o atacante.
15. O brasileiro finalmente poderá realizar o sonho do hexacampeonato.
16. Resta saber se a direção do Flamengo vai pôr a ideia em prática.
17. Bandidos fortemente armados invadiram o banco e transformaram o saguão numa verdadeira praça de guerra.
18. As torcidas transformaram a arquibancada num verdadeiro caos.
19. A Arena da Baixada virou um verdadeiro caldeirão.
20. As ruas viraram verdadeiros rios, e o barco era o único meio de transporte.
21. E o Atlético continua sua via crucis.
22. A fúria da natureza deixou um rastro de destruição.
23. O craque foi recepcionado por um batalhão de repórteres e cinegrafistas.
24. A ousadia dos traficantes não tem limites.
25. Para você ter uma idéia, foram sete pênaltis a favor em dez jogos..
26. Cinco times ainda lutam para fugir do fantasma do rebaixamento.
27. Neste ano, o título bateu literalmente na trave.
28. Estava literalmente impedido.
29. Muricy, durante a entrevista, estava literalmente sem saco.
30. O Vasco adentra o campo de jogo.
31. Com esta vitória, ele está carimbando o passaporte para o Mundial.
Clichê é o mesmo que chavão ou lugar-comum. Deve ser evitado para não caracterizar pobreza de estilo. Observe mais exemplos: acertar os ponteiros, rota de colisão, monstro sagrado, lenda viva, apertar os cintos, bola da vez, chover no molhado, cair como uma luva, de mão beijada, divisor de águas, página virada, tecer comentários, requintes de crueldade, vias de fato, tiro de misericórdia, agradável surpresa, calor senegalesco, ente querido, inteiro dispor, obra faraônica, sonho dourado, precioso líquido, profissional do volante, soldado do fogo, tapete verde, sonho vira pesadelo, pessoa humana, fazer o dever de casa, faz parte…
REDUNDÂNCIAS
Devem ser evitadas. Use apenas quando houver a intenção de ênfase:
1. “O empate acabou acontecendo no intervalo entre as expulsões.” (= Basta: “O empate acabou acontecendo entre as expulsões”);
2. “Deve usar dados estatísticos para consultas e pesquisas, como, por exemplo, o total de gols marcados na última Copa do Mundo.” (= Basta: “…como o total de gols marcados na última Copa do Mundo”);
3. “Ele acha que a atleta está sendo muito exigente consigo mesma.” (= Basta: “Ele acha que a atleta está sendo muito exigente consigo”);
4. “O técnico vai manter o mesmo time no jogo contra o Vasco.” (= Basta manter o time);
5. “O contrato foi assinado com o consenso de todos os envolvidos.” (= Basta consenso dos envolvidos);
6. “Foi contratado para ser a ponte de ligação da defesa com o ataque.” (= Basta: “Foi contratado para ser a ponte ou fazer a ligação …”);
7. “Não foge ao fato concreto de que sem Ronaldo não poderia nem sonhar.” ( fato real, fato verídico, fato acontecido também são redundâncias – basta dizer fato);
8. “Há muito tempo atrás, li num jornal.” (= Basta: “Há muito tempo, li num jornal”);
9. “Ele, nas duplas, não perdeu nem um set sequer.” (= Basta: “Ele, nas duplas, não perdeu um set sequer”);
10. “Fernando Henrique fez uma previsão otimista para o futuro.” (=Basta: “…fez uma previsão otimista”);
11. “O resultado do laudo, realizado pela Unicamp, será fornecido em uma semana.” (= Basta: “O laudo, realizado pela Unicamp, será…”);
12. “Esta cerca divide a Coreia em duas metades.” (= Basta: “…divide a Coreia em duas” ou “divide a Coreia ao meio”);
13. “O atacante tem de encarar de frente os zagueiros” (= Basta: “…encarar os zagueiros”).
E alguns ridículos: subir para cima, descer para baixo, entrar para dentro, sair para fora, ambos os dois, hemorragia de sangue, dar marcha a ré para trás, trens ferroviários, localizado a 50m do local, empréstimo temporário, ganhe grátis, protagonista principal, metades iguais, evidência concreta …
Dúvidas:
1. O árbitro mandou repetir de novo a cobrança do pênalti;
2. O contrato foi prorrogado por mais dois anos.
3. A grande maioria é favor da sua contratação.
São expressões batidas e repetitivas que empobrecem o estilo. Evite:
1. Ao apagar das luzes, o Palmeiras conseguiu dar a volta por cima e, finalmente, fez as pazes com a vitória.
2. O dirigente respondeu em alto e bom som.
3. Via de regra, esse tipo de notícia estoura como uma bomba na federação.
4. É preciso aparar as arestas e chegar a um denominador comum.
5. Foram dar o último adeus ao companheiro, mas foram obrigados a dizer cobras e lagartos para o administrador do cemitério.
6. A explicação do técnico deixou a desejar.
7. Nada vai empanar o brilho da sua conquista.
8. Sua contratação veio preencher uma lacuna.
9. Pretendem encerrar o torneio com chave de ouro.
10. O atacante estava completamente impedido.
11. O todo-poderoso Manchester United perdeu para um desconhecido clube da terceira divisão.
12. A festa não tem hora para acabar, mas amanhã o carioca volta à dura realidade.
13. São imagens impressionantes que nos deixam uma lição de vida.
14. Mas nem só de gols vive o atacante.
15. O brasileiro finalmente poderá realizar o sonho do hexacampeonato.
16. Resta saber se a direção do Flamengo vai pôr a ideia em prática.
17. Bandidos fortemente armados invadiram o banco e transformaram o saguão numa verdadeira praça de guerra.
18. As torcidas transformaram a arquibancada num verdadeiro caos.
19. A Arena da Baixada virou um verdadeiro caldeirão.
20. As ruas viraram verdadeiros rios, e o barco era o único meio de transporte.
21. E o Atlético continua sua via crucis.
22. A fúria da natureza deixou um rastro de destruição.
23. O craque foi recepcionado por um batalhão de repórteres e cinegrafistas.
24. A ousadia dos traficantes não tem limites.
25. Para você ter uma idéia, foram sete pênaltis a favor em dez jogos..
26. Cinco times ainda lutam para fugir do fantasma do rebaixamento.
27. Neste ano, o título bateu literalmente na trave.
28. Estava literalmente impedido.
29. Muricy, durante a entrevista, estava literalmente sem saco.
30. O Vasco adentra o campo de jogo.
31. Com esta vitória, ele está carimbando o passaporte para o Mundial.
Clichê é o mesmo que chavão ou lugar-comum. Deve ser evitado para não caracterizar pobreza de estilo. Observe mais exemplos: acertar os ponteiros, rota de colisão, monstro sagrado, lenda viva, apertar os cintos, bola da vez, chover no molhado, cair como uma luva, de mão beijada, divisor de águas, página virada, tecer comentários, requintes de crueldade, vias de fato, tiro de misericórdia, agradável surpresa, calor senegalesco, ente querido, inteiro dispor, obra faraônica, sonho dourado, precioso líquido, profissional do volante, soldado do fogo, tapete verde, sonho vira pesadelo, pessoa humana, fazer o dever de casa, faz parte…
REDUNDÂNCIAS
Devem ser evitadas. Use apenas quando houver a intenção de ênfase:
1. “O empate acabou acontecendo no intervalo entre as expulsões.” (= Basta: “O empate acabou acontecendo entre as expulsões”);
2. “Deve usar dados estatísticos para consultas e pesquisas, como, por exemplo, o total de gols marcados na última Copa do Mundo.” (= Basta: “…como o total de gols marcados na última Copa do Mundo”);
3. “Ele acha que a atleta está sendo muito exigente consigo mesma.” (= Basta: “Ele acha que a atleta está sendo muito exigente consigo”);
4. “O técnico vai manter o mesmo time no jogo contra o Vasco.” (= Basta manter o time);
5. “O contrato foi assinado com o consenso de todos os envolvidos.” (= Basta consenso dos envolvidos);
6. “Foi contratado para ser a ponte de ligação da defesa com o ataque.” (= Basta: “Foi contratado para ser a ponte ou fazer a ligação …”);
7. “Não foge ao fato concreto de que sem Ronaldo não poderia nem sonhar.” ( fato real, fato verídico, fato acontecido também são redundâncias – basta dizer fato);
8. “Há muito tempo atrás, li num jornal.” (= Basta: “Há muito tempo, li num jornal”);
9. “Ele, nas duplas, não perdeu nem um set sequer.” (= Basta: “Ele, nas duplas, não perdeu um set sequer”);
10. “Fernando Henrique fez uma previsão otimista para o futuro.” (=Basta: “…fez uma previsão otimista”);
11. “O resultado do laudo, realizado pela Unicamp, será fornecido em uma semana.” (= Basta: “O laudo, realizado pela Unicamp, será…”);
12. “Esta cerca divide a Coreia em duas metades.” (= Basta: “…divide a Coreia em duas” ou “divide a Coreia ao meio”);
13. “O atacante tem de encarar de frente os zagueiros” (= Basta: “…encarar os zagueiros”).
E alguns ridículos: subir para cima, descer para baixo, entrar para dentro, sair para fora, ambos os dois, hemorragia de sangue, dar marcha a ré para trás, trens ferroviários, localizado a 50m do local, empréstimo temporário, ganhe grátis, protagonista principal, metades iguais, evidência concreta …
Dúvidas:
1. O árbitro mandou repetir de novo a cobrança do pênalti;
2. O contrato foi prorrogado por mais dois anos.
3. A grande maioria é favor da sua contratação.
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